FESTA DA PEDRA – CURIOSIDADES (02)
Na contagem regressiva para mais uma grandiosa Festa da Pedra no próximo dia 15, o pesquisador Jocelino Tomaz, autor do livreto “Festa da Pedra, Cem Anos de Fé, Tradição e Turismo” nos apresenta algumas curiosidades sobre essa tradição que une as cidades de Caiçara, Tacima e Logradouro.
* TUDO COMEÇOU COM UM EX-CANGACEIRO
Segundo relatos, foi Manoel Gonçalves Bezerra, vulgo “Manoel Sertanejo”, quem deu origem a devoção a Nossa Senhora da Boa Morte na Pedra Pão de Açúcar. Ele era parente do famoso cangaceiro Antonio Silvino e provavelmente fez parte do bando. Silvino foi o “Rei do Cangaço” antes de Lampião e circulou muito pela Borborema e Agreste paraibanos.
Em 1912 houve um episódio com Antonio Silvino em Caiçara. Os cangaceiros vieram pela zona rural de Duas Estradas e cortaram os fios do telégrafo da estação de trem de Logradouro para evitar comunicação. O bando entrou pela rua principal e parou em frente a igreja. Eles “embandeiraram os rifles”, ou seja, os colocaram com os canos para cima e com uma bandeirola dentro, sinal de que não iam atacar de imediato. Silvino se dirigiu para a casa de Joaquim Carneiro, casarão a direita de igreja, e exigiu que conseguisse certa quantia para que ele não saqueasse a cidade. O cangaceiro colocou no colo o pequeno Raimundo, neto do Coronel Joaquim, enquanto aguardava a arrecadação do dinheiro. Antonio Carneiro, pai da criança e irmão de Francisco Carneiro (“Chicó Marinheiro”), saiu em busca da quantia junto a outros fazendeiros e comerciantes. O dinheiro foi conseguido e Silvino partiu com seu bando.
Silvino foi preso em 1914. Antes disso, Manoel veio morar no “Pé da Pedra”, como era chamado o sítio da época, acompanhado de uma sertaneja e um filho com três anos. De início, eles passaram a viver num casebre no pé do “Serrote do Escuta”, a pedra menor que fica à direita do Pão de Açúcar. Porém, em pouco tempo a mulher resolveu voltar para o sertão e Manoel ficou com o filho.
O dono das terras era Manoel Marcolino Soares de Carvalho, o “Tenente Marcolino” e Manoel pediu a ele para construir uma casa na base da Pedra Pão de Açúcar, o que foi permitido. Depois, Manoel conheceu Porfíria Leocádia, uma parteira, e passou a viver com ela. O casal teve oito filhos(as). Um deles se chamava Francisco Batista de Morais, conhecido por “Padre Sertanejo” ou “Chico Padre”.
O apelido “padre” era devido a orações contidas em dois livros que Manoel Sertanejo recebera do seu pai e passou para esse filho. O pesquisador Jocelino Tomaz, teve contato com D. Antonia Martiniano, viúva de Chico Padre e principal fonte dessa história.
Mas a tradição começa com uma promessa de Manoel Sertanejo, mas isso é assunto para uma próxima postagem.
FOTOS E TEXTO: @jocelinotomaztv















